Acordei
tarde com a luz se esparramando em meu corpo nu envolvido no lençol. Domingos
claros de agosto. Bangkok me proporciona uma sensação de lar inacreditável, a
diferença é que o agosto daqui lembra o janeiro lá de casa. Minha estação
favorita. Despertei sentindo falta dele e fiquei como uma gata, embaraçando na
minha cama de solteiro grande.
Percebo
que apaixonada, me perco em imagens imaginadas. Tudo o que
experimento, seja gosto, cor ou moveis, só faço sentir falta da companhia para
compartilhar meu estranhamento ou contentamento. Pensando bem, o tempo tem sido
muito generoso conosco... Sei que ele odeia a minha contagem, mas
insisto me apaixonar mais em cada dia, desde a ultima vez que meus lábios o
tocaram... Lá em abril.
Levantei
da cama e tentei usufruir de cada gota quente do banho. Sem perceber,
espirrei o perfumei que ele gosta... Fazia tanto tempo que não usava essa colônia...
Que gostoso, trouxe para perto os dias de amor. Desejei pães-de-queijo e perdi algum tempo cozinhando, coloquei para assar, fiz chocolate gelado para sentar na varanda e deliciar a solitária privacidade domingueira. Sorri sozinha... Lembrei de um dia em
que senti a mesma vontade incontrolável e o meu bem, tão querido, realizou para
mim. Preciso ouvi-lo... Preciso!
Foram
minutos dengosos. Sou a garota dele, ah, sou sim! Desliguei o
telefone e imediatamente uma chuva muito forte começou a cair. Ainda assim o
sol teimava e não ofuscar, a luz mais forte que senti. Sonhei acordada com ele
do meu lado naquela hora. Mais do que isso... Admito, morrendo de vergonha, que
consegui ver nossa casa, a varanda, banco de madeira, balanço pendurado na
arvore, nosso pão-de-queijo, nossa preguiçinha dominical.
É
doce pensar assim. Se ao lado dele estiver, parecem tão mais românticas as
coisas simples da vida. Casa pequena, quintal de terra, redes e mosquitos,
poças de água de chuva no chão. Praia ou montanha, mato ou cidade. Ou um
pouquinho do mato no meio da cidade, não me importaria em regar o nosso jardim
em um agosto seco. Como somos impetuosos juntos... Como ele é
metido, galante e amável. Ele me confunde tanto naquela vontade toda de viver. Convencido,
disse que sabe dos meus segredos... Mas eu não confesso, não mesmo, a não ser
que agora ele conte os dele também.
Que
medo disso. Não de sentir, na verdade temo soar precipitada. Mas,
sim, prefiro ser romântica. Assim como prefiro pensar na beleza da ideia de estarmos morando
distantes, mas ainda no mesmo lado da Terra, lado aonde o sol vem se
esconder.
Ah,
o sol... Na rua e no meu coração. A ânsia por um novo encontro não faz
mais questão de camuflagem. Nossos olhos já terão visto outros oceanos, mas estaremos ali. Meu corpo outra vez nele e então o nosso tempo.
Nosso horizonte sem fim.
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